domingo, 26 de julho de 2009

Mestre Chico

Não chore ainda não,
que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga, me perdoa,
se eu insisto à toa
Mas a vida é boa para quem cantar

Fim de tarde de inverno

Parece falso, não é?

Olho para o outro lado...
é mais seguro.

Mas é de verdade a emoção que senti percorrer minha pele,
como a árvore que tem a cor alterada pela luz contra o céu de 18horas;
É verdadeiro o arrepio na espinha;
É real a brecha de luz que vi vencer o teto de pedra do abrigo;
Aqueles breves minutos de consciência e medo antes de descer da montanha russa.
Me vi ali, observando os dois e me transportei no tempo e no espaço;
Resgatei o que sou eu de verdade;
Senti que estou aqui novamente;
Não sou mais aquela de antes;
Mas sou eu, apenas a outra de mim mesma.
Ainda tenho medo.
Mas já quase posso debochar dele, olhá-lo nos olhos e pular na água sem destino.

domingo, 19 de julho de 2009

O labirinto


Acho que acabo de me transformar em uma pessoa melhor.
Devo estar no caminho certo neste labirinto de Alice.
Passei anos teimando, sofrendo e... brincando, tive a maior lição de tranquilidade de toda a minha vida.
Esse brinquedinho, nada inocente, testa nossa habilidade motora quando tentamos colocar as três bolinhas de chumbo no meio do labirinto. Mal sabia eu que além da agilidade, ele exige também um estágio superior de consciência e desapego.
Comprei um monte deles no Saara esta semana para as crianças que viriam à festa de aniversário de minha filha.
Ela me pediu um, eu dei.
Me pediu para ensiná-la a jogar e eu declarei minha incompetência. Nunca havia conseguido enfiar o raio das bolinhas no meio do labirinto.
A criança insistiu. Me rendi. Me entreguei esperando momentos de frustração. E depois de tentar algumas vezes sem sucesso, me deixei levar pela brincadeira.
Desisti de querer colocar as 3 bolinhas nervosas ao mesmo tempo no miolo do jogo e ... Pronto estava feito o milagre.
Em menos de 3 minutos lá estavam as 3 bolinhas no centro do labirinto. A pequena me olhou, orgulhosa da mãe, e mal sabia que eu estava mais ainda da minha façanha.
Sou teimosa mas acho que entendi o recado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Estado de Choque Choque de Ordem Ordem de Estado

Minha arrogância cultivada, não tem mais paciência para choramingos de egos impertinentes travestidos de títulos.
Agradar a família, aos amigos ao namorado, aos filhos, ao chefe, e ainda olhar no espelho e me ver de verdade não são coisas compatíveis.
O que vejo na janela quando cruzo a outra dimensão, é tristeza e pessoas sem os pés no chão e sem chão para os pés. Certos uns querendo mais do que podem segurar enquanto outros nem chegam perto de saber que podem querer.
Quando a liberdade do outro vai permitir a realidade do um? Quando as vozes e olhares vão estar na mesma direção?
Aquela criança na rua que deveria ser filha de alguém, que por sua vez também nunca teve seus pais, não tem nenhum direito. Nem sua pátria que é sua terra é sua. Enquanto do outro lado da rua pessoas que não dizem coisa com coisa inventam um mundo egoísta e fictício para poderem dormir a noite.
Meu trabalho é acreditar. Acredito na vida, nas pessoas, no futuro e no fim, quando tudo sempre dá certo. Quero crer que posso fazer diferença. Se eu perder esta lanterna, me perco no escuro desta dimensão fria onde o eu é mais importante que o todos e todas.