Se é possível atingir um estágio de amor e razão ao mesmo tempo, creio que estou nele.
Como disse Drummond, que bom que existe o álcool na vida!
"Felizmente existe o álcool na vida.
Uns tomar éter, outros, cocaína.
Eu tomo alegria!
Minha ternura dentuça é dissimulada.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Estou farto do lirismo comedido.
Como deve ser bom gostar de uma feia!
Pura ou degradada até a última baixeza
eu quero a estrela da manha.... os corpos se entendem, mas as almas não.
Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres."
CDA
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Dentro da minha loucura, dentro da minha fantasia, senti pleno o desejo de ser eu mesma.
Eu estava ali. Me reconheci.
Era este o troféu que me faltava neste ano.
Consegui façanhas que inimaginava conseguir.
Errei.
tropecei.
Levantei.
Estou viva e feliz.
pelo menos por fora.
Ninguém me conhece por dentro.
Ainda...
Sou eu.
Eu que me criei.
Eu me moldei.
Me convenci de mim mesma.
Agora acreditando que não tem mais volta,
sustento a farsa.
Um dia você vai tocar no ponto certo
e desmanchar a fantasia.
E então verá quem sou de verdade.
E estarei completa.
Eu estava ali. Me reconheci.
Era este o troféu que me faltava neste ano.
Consegui façanhas que inimaginava conseguir.
Errei.
tropecei.
Levantei.
Estou viva e feliz.
pelo menos por fora.
Ninguém me conhece por dentro.
Ainda...
Sou eu.
Eu que me criei.
Eu me moldei.
Me convenci de mim mesma.
Agora acreditando que não tem mais volta,
sustento a farsa.
Um dia você vai tocar no ponto certo
e desmanchar a fantasia.
E então verá quem sou de verdade.
E estarei completa.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Fantasia
Hei!
espera! Fica mais um pouco!!
não foi minha intenção
tanta razão assim pra quê?
estava quase me deixando levar novamente. Era doce e fácil.
Espera, não atravesse a rua tão depressa
não cruze o oceano mais uma vez sem que eu possa te dizer
fique!
espera! Fica mais um pouco!!
não foi minha intenção
tanta razão assim pra quê?
estava quase me deixando levar novamente. Era doce e fácil.
Espera, não atravesse a rua tão depressa
não cruze o oceano mais uma vez sem que eu possa te dizer
fique!
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Simples assim
Certa vez ouvi,
assim mesmo cantada
esta musica.
Na hora soou suave, quase tímida.
Mas hoje, quando ouço, sinto a força q dela vem.
Memórias doces de outro dia.
"Como un palomo en celo, me desvelo por tí.
Doy vueltas como un trompo y me rompo para tí.
En medio de mi pecho, los deshechos de tu amor
Me van dejando herido, pero no siento dolor.
Por favor, dime que sí.
Por favor, no es para mí,
es para que volemos al lugar que más quieras..."
assim mesmo cantada
esta musica.
Na hora soou suave, quase tímida.
Mas hoje, quando ouço, sinto a força q dela vem.
Memórias doces de outro dia.
"Como un palomo en celo, me desvelo por tí.
Doy vueltas como un trompo y me rompo para tí.
En medio de mi pecho, los deshechos de tu amor
Me van dejando herido, pero no siento dolor.
Por favor, dime que sí.
Por favor, no es para mí,
es para que volemos al lugar que más quieras..."
sábado, 13 de setembro de 2008
Um Cortázar
Poema
Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz, Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano, porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula, y los gestos, esa arquitectura de la nada, encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro. Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo. pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa. Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo, busco esa línea que hace temblar a un hombre en una galería de museo.
Además te quiero, y hace tiempo y frío.
em Ultimo Round - 1960
Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz, Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano, porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula, y los gestos, esa arquitectura de la nada, encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro. Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo. pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa. Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo, busco esa línea que hace temblar a un hombre en una galería de museo.
Además te quiero, y hace tiempo y frío.
em Ultimo Round - 1960
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Outro Pessoa
Poema do Menino Jesus
Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?
Alberto Caeiro
Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?
Alberto Caeiro
domingo, 31 de agosto de 2008
O Canário
Hoje vou voar mais alto que puder.
mascarando o medo de cair
sentindo um frio nervoso
que me aquece.
Ele está lá.
Cada vez mais perto
Meu medo dissipa
vira curiosidade e querer
No telhado de fragmentos e limo
desfila manso a espreita
o gato
e eu, curioso, um canário suicida metido a poeta.
mascarando o medo de cair
sentindo um frio nervoso
que me aquece.
Ele está lá.
Cada vez mais perto
Meu medo dissipa
vira curiosidade e querer
No telhado de fragmentos e limo
desfila manso a espreita
o gato
e eu, curioso, um canário suicida metido a poeta.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Amor
Segundo Secos e Molhados
Leve
como leve pluma muito leve pousa
muito leve pousa
Simples e suave coisa
suave coisa nenhuma!!
Suave coisa nenhuma!!!
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Pé de moleque
Quantos são os caminhos?
Cada pedra sabe cantar o destino que se espera.
Escorre na água da chuva,
levanta junto à poeira carregada pelo vento...
O mesmo vento me traz distraído seu perfume.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Asas no jardim
e ficou no meio...
o tato, sem as pontas dos dedos.
o cheiro, sem o gosto.
o desejo, sem a curva da estrada que traz a surpresa da paisagem.
Como a montanha russa que pára segundos antes da descida
No susto, a fúria, o vazio.
dormi, acordei...
acordei?
Por fora tudo volta ao normal...
Na rua, mais um dia.
Ninguém percebe diferença.
quase ninguém...
Mas estavam lá!
discretas e retorcidas em meio a grama.
Assim como eu.
E só eu vi.
Quis guardar...não, deixei ir.
Só eu vi.
o tato, sem as pontas dos dedos.
o cheiro, sem o gosto.
o desejo, sem a curva da estrada que traz a surpresa da paisagem.
Como a montanha russa que pára segundos antes da descida
No susto, a fúria, o vazio.
dormi, acordei...
acordei?
Por fora tudo volta ao normal...
Na rua, mais um dia.
Ninguém percebe diferença.
quase ninguém...
Mas estavam lá!
discretas e retorcidas em meio a grama.
Assim como eu.
E só eu vi.
Quis guardar...não, deixei ir.
Só eu vi.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Refazendo
Assim foi há muito tempo
...
Casa vazia.
Sonhos órfãos.
Desejos confusos.
Um grito...
Onde está a porta?
Tempestade na alma de retalhos que balança ao vento sem saber pra onde ir.
Cada passo, todos em falso, descem a ladeira do tempo.
Esperando encontrar o caminho,
Um abrigo,
Para esse coração que bate descompassado.
Voo confuso de borboleta atordoada em busca de algum sentido.
O casulo não existe mais.
...
Hoje,
o coração continua descompassado
A casa não está mais vazia
As janelas se abrem para a tempestade
Ainda tenho as asas da borboleta
se ainda voa atordoada e vai de encontro ao vidro da janela,
já conhece o caminho e segue em frente
...
Casa vazia.
Sonhos órfãos.
Desejos confusos.
Um grito...
Onde está a porta?
Tempestade na alma de retalhos que balança ao vento sem saber pra onde ir.
Cada passo, todos em falso, descem a ladeira do tempo.
Esperando encontrar o caminho,
Um abrigo,
Para esse coração que bate descompassado.
Voo confuso de borboleta atordoada em busca de algum sentido.
O casulo não existe mais.
...
Hoje,
o coração continua descompassado
A casa não está mais vazia
As janelas se abrem para a tempestade
Ainda tenho as asas da borboleta
se ainda voa atordoada e vai de encontro ao vidro da janela,
já conhece o caminho e segue em frente
Outras palavras IIII

O Bote
Stephen Crane
terça-feira, 20 de maio de 2008
Outras Palavras III
Do Vento
Arnaldo Antunes
Alimenta o fogo
atormenta o mar
arrepia o corpo
joga o ar no ar
leva o barco a vela
levanta os lençóis
entra na janela
leva a minha voz
nuvens de areia
folhas no quintal
canto de sereia
roupas no varal
tudo vem do ven-tudo vem
do vento vem tu-do vento vem
do vento vem tudo
tudo bem
sacode a cortina
alça os urubus
sai pela narina
canta nos bambus
cabelo embaraça
bate no portão
espalha a fumaça
varre a plantação
lava o pensamento
deixa o som chegar
leva esse momento
traz outro lugar
tudo vem do ven-tudo vem
do ven-tudo vem
do vento vem tu-do vento
vem tu-do vento vem
do vento vem tudo
tudo bem
é cedo ainda
O sol aquece a nuca
A sombra no papel
imprime o sentimento
Se move com a respiração
denunciando a expectativa no coração
Calma!
É cedo ainda
A sombra no papel
imprime o sentimento
Se move com a respiração
denunciando a expectativa no coração
Calma!
É cedo ainda
domingo, 18 de maio de 2008
Outras Palavras II
O último Por do sol
Lenine
A onda ainda quebra na praia,
espumas se misturam com o vento.
No dia em que você foi embora, eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que não vivi, pensando em nós dois
Eu lembro a concha em seu ouvido,
trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que você foi embora,
eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
por entre as ruínas de Santa Cruz lembrando nós dois
Os edifícios abandonados,
as estradas sem ninguém,
óleo queimado, as vigas na areia,
a lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas
Pois no dia em que você foi embora, eu fiquei
sozinho no mundo, sem ter ninguém,
o ultimo homem no dia em que o sol morreu
Lenine
A onda ainda quebra na praia,
espumas se misturam com o vento.
No dia em que você foi embora, eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que não vivi, pensando em nós dois
Eu lembro a concha em seu ouvido,
trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que você foi embora,
eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
por entre as ruínas de Santa Cruz lembrando nós dois
Os edifícios abandonados,
as estradas sem ninguém,
óleo queimado, as vigas na areia,
a lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas
Pois no dia em que você foi embora, eu fiquei
sozinho no mundo, sem ter ninguém,
o ultimo homem no dia em que o sol morreu
sábado, 17 de maio de 2008
Minha terra sou eu
Cheguei!
Essa sou eu!
Caminho longo até descobrir esta ilha.
Vista de longe, quieta e constante
vista de perto imprevistos e surpresas.
No mesmo lugar,
em harmonia,
a energia de uma queda d´água
a força de uma árvore centenária
a delicadeza de flores miúdas
Vou ficar por aqui um bom tempo
até que o vento sopre e transforme a paisagem.
Essa sou eu!
Caminho longo até descobrir esta ilha.
Vista de longe, quieta e constante
vista de perto imprevistos e surpresas.
No mesmo lugar,
em harmonia,
a energia de uma queda d´água
a força de uma árvore centenária
a delicadeza de flores miúdas
Vou ficar por aqui um bom tempo
até que o vento sopre e transforme a paisagem.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Domingo
Se tudo pode acontecer…acontece.
melhor, impossível.
Teatro pequeno, a musica tão perto quase dava pra tocar na poesia.
Estava lá a poesia.
Nos olhares trocados, no sorriso do companheiro de aventuras,
na lembrança certa das feridas do passado e na expectativa do futuro.
A poesia é uma janela por onde entra o perfume da paisagem q já não está mais lá.
A mesma janela deixa soprar a brisa do que virá.
O orgulho das conquistas, a lágrima da dor curtida, o desejo, a alma na voz, tudo estava ali.
se tudo vai acontecer, que aconteça.
melhor, impossível.
Teatro pequeno, a musica tão perto quase dava pra tocar na poesia.
Estava lá a poesia.
Nos olhares trocados, no sorriso do companheiro de aventuras,
na lembrança certa das feridas do passado e na expectativa do futuro.
A poesia é uma janela por onde entra o perfume da paisagem q já não está mais lá.
A mesma janela deixa soprar a brisa do que virá.
O orgulho das conquistas, a lágrima da dor curtida, o desejo, a alma na voz, tudo estava ali.
se tudo vai acontecer, que aconteça.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Laranja
O traço da nuca,
tímido,
espera pelo calor da mão.
Depois, a respiração.
são segundos que se sonham eternos...
até amanhã.
o perfume sutil desperta furioso
tal qual ressaca no mar de desejo
domingo, 6 de abril de 2008
Do outro lado
quem está do outro lado, ninguém sabe.
se vai correr e te alcançar
ou se vai partir e te deixar com um buraco no ego
ou só com um pouco de saudade
daquilo que poderia ser e não foi
como saber
não dá pra não viver o susto
não esperar acordar com gosto de domingo na boca
com o sopro dentro do estômago
e o desejo de seguir uma trilha imaginária
tudo isso em segundos
antes de abrir a página do dia e seguir noutro caminho
se vai correr e te alcançar
ou se vai partir e te deixar com um buraco no ego
ou só com um pouco de saudade
daquilo que poderia ser e não foi
como saber
não dá pra não viver o susto
não esperar acordar com gosto de domingo na boca
com o sopro dentro do estômago
e o desejo de seguir uma trilha imaginária
tudo isso em segundos
antes de abrir a página do dia e seguir noutro caminho
domingo, 23 de março de 2008
gêmeos
para os geminianos, as contradições são comuns.
Quer este ou aquele?
Gostamos de ambos.
Tudo tem um gosto especial, diferente.
Mesmo o amargo tem um prazer escondido e nas escolhas difíceis sempre há algo a aprender.
Sempre queremos tudo muito e no fim queremos também a paz de quem não quer nada.
Eu já vivi um bocado de coisas, escolhidas ou não, e ainda quero outras tantas.
A lista começa e já muda de página...faltam horas no dia pra tanta vontade.
Mas o q importa é que aprendi a escolher, e dar importância as escolhas feitas
sabendo q outra foi deixada pra depois ou pra nunca mais... pelo menos nesta vida.
Quer este ou aquele?
Gostamos de ambos.
Tudo tem um gosto especial, diferente.
Mesmo o amargo tem um prazer escondido e nas escolhas difíceis sempre há algo a aprender.
Sempre queremos tudo muito e no fim queremos também a paz de quem não quer nada.
Eu já vivi um bocado de coisas, escolhidas ou não, e ainda quero outras tantas.
A lista começa e já muda de página...faltam horas no dia pra tanta vontade.
Mas o q importa é que aprendi a escolher, e dar importância as escolhas feitas
sabendo q outra foi deixada pra depois ou pra nunca mais... pelo menos nesta vida.
sexta-feira, 21 de março de 2008
outras palavras
Noite Severina
(Lula Queiroga / Pedro Luís)
Corre calma, severina noite
De leve no lençol que te tateia a pele fina
Pedras sonhando pó na mina
Pedras sonhando com britadeiras
Cada ser tem sonhos à sua maneira
Cada ser tem sonhos à sua maneira
Corre alta, severina noite
No ronco da cidade, uma janela assim acesa
Eu respiro o teu desejo
Chama no pavio da lamparina
Sombra no lençol que te tateia a pele fina
Sombra no lençol que te tateia a pele fina
Ali, tão sempre perto, e não me vendo
Ali sinto tua alma a flutuar do corpo
Teus olhos se movendo, sem se abrir
Ali, tão certo e justo e só ti sendo
Absinto-me de ti, mas sempre vivo
Meus olhos te movendo sem te abrir
Corre solta suassuna noite
Tocaia de animal que acompanha a sua presa
Escravo da sua beleza
Daqui a pouco o dia vai querer raiar
Daqui a pouco o dia vai querer raiar...
(Lula Queiroga / Pedro Luís)
Corre calma, severina noite
De leve no lençol que te tateia a pele fina
Pedras sonhando pó na mina
Pedras sonhando com britadeiras
Cada ser tem sonhos à sua maneira
Cada ser tem sonhos à sua maneira
Corre alta, severina noite
No ronco da cidade, uma janela assim acesa
Eu respiro o teu desejo
Chama no pavio da lamparina
Sombra no lençol que te tateia a pele fina
Sombra no lençol que te tateia a pele fina
Ali, tão sempre perto, e não me vendo
Ali sinto tua alma a flutuar do corpo
Teus olhos se movendo, sem se abrir
Ali, tão certo e justo e só ti sendo
Absinto-me de ti, mas sempre vivo
Meus olhos te movendo sem te abrir
Corre solta suassuna noite
Tocaia de animal que acompanha a sua presa
Escravo da sua beleza
Daqui a pouco o dia vai querer raiar
Daqui a pouco o dia vai querer raiar...
segunda-feira, 17 de março de 2008
Almirante I
domingo, 16 de março de 2008
o mar
o mar,
massa de água que se molda
dançando com o vento sem se misturar
a ilha feito baleia gigante soprando o ar pelo coqueiro
as pedras, cantando sob a ponte
me servem de memória
...da gávea o menino grita "Terra à vista!!"
é isso
momentos de ansiedade...o que vem por ai?
a bagagem está transbordando, a mala não fecha
não é pra fechar mesmo
se alguma meia se perder, vai esquentar o pé de outra pessoa...
não se perdeu, se encontrou
é isso
momentos de ansiedade...o que vem por ai?
a bagagem está transbordando, a mala não fecha
não é pra fechar mesmo
se alguma meia se perder, vai esquentar o pé de outra pessoa...
não se perdeu, se encontrou
é isso
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