segunda-feira, 19 de abril de 2010

Chão

O pé que não sustenta segue a pista.
Não tem chão.
O Dragão da Sorte,
leve como a nuvem,
não tem asas.
É alegre, veloz e canta mesmo ferido.
Vou dormir e sonho.
Aquele sonho recorrente que basta agitar os braços para alcançar o ar
Saio de casa, do prédio, da rua, do meu corpo.
É necessário agitar os braços, nadar mesmo.
caso contrário começo a descer e esbarro nos fios de energia.
Mas não posso agitar com tanta força, subo demais.
Tenho medo de altura.
Mesmo sonhando.
Me descubro do alto,
e nada é como assim me parece.
E onde começa e termina o sonho...
No chão certamente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pedrinha

Olho pro lado distraída e lá está você
minha pedrinha guardada
lembrança da praia
invenção de horas vagas
de vagas mais fortes que ondas de ressaca
o calcanhar ainda dói
mas essa foi a concha.

História de boca

...e fim.
Pronto. Agora vamos dormir.
Moãe?
Sim?
Conta a Sem Fim agora?
Hum, amanhã, hj não.
Então me conta uma história de boca?
Ok, ta certo, de boca então.
Era uma vez...
uma boca cheia de dentes.
ô Mãe!??
Quer ou não quer uma história de boca?
Ta bom! Quero!
Era uma vez uma boca cheia de dentes.
Tinha dentes de leite mas também permanentes.
Tinha janela, porta e portão.
E no almoço gostava de comer macarrão.
Essa boca também falava.
gritava, cantava e assoviava.
Essa boca também dava beijo,
duplo de nariz, bitoca e queijo.
Agora boa noite.
Essa boca também diz
Mãe, eu amo você.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Identidade

Se eu sou eu,

Cadê o meu vaso?

Se você sou eu,
Quem sou eu?

[Da arte de subir em telhados
Cia Armazém de Teatro – jul02]

Cora

A Lua escura guiou os viajantes.
No meio do Serrado
A cidade dormia.
No ar, força e poesia, a alma da cidade.
Ela os escolheu.
Seu destino foi traçado.