segunda-feira, 29 de março de 2010

Hospital

Sem dramas.
Aquele tom de reticências que se espera subentender, lágrimas,
jogos de palavras e expectativas irreais,
passam a nada quando se tem coisas mais elementares em que pensar.
Essa clareza só se tem antes da morte ou quando um filho adoece.
Aqui, depois de alguns dias de prisão,
com um serviço de quarto eficiente, um bom ar condicionado e sem preocupações com a conta no final,
é quase férias, não fosse a pequena de molho na cama com uma veia recebendo antibióticos.
Minha maior preocupação é distraí-la e evitar que seus movimentos inquietos de criança danifiquem o acesso à veia. A dor de um novo furo será certamente maior em mim que nela.
Nestas circunstâncias, algumas coisas da vida se tornam pequenas e sem importância.
Se vou pagar..., conseguir..., ter..., fazer..., viajar..., encontrar...
Todas as angústias do cotidiano se transformam em fumaça.
Tudo fica tão fácil de resolver que dá até uma certa alegria.
Até aquela frustração vira nada. Não engasga mais.
O melhor gosto da noite foi tirado do veneno de outros tempos.
Bom, ainda tenho alguns dias de claustro.
Muito desenho animado, paciência e criatividade.
Certamente sairei desta mais leve do que quando entrei.

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