quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais um conto para distrair a morte

O dia difícil, dolorido, ganhara uma tempestade ensurdecedora.
Ali, presa entre os livros, a chuva lá fora e os ventos aqui dentro,
me peguei pensando qual o significado de tudo aquilo.
Um trovão pareceu me dizer
Renda-se!
Desista!
Pare!
Depois da chuva, me encontro com o que fora arrastado pela água.
Mais a deriva do que nunca, voltei pra casa sem mim.
Me deixei vagando pela rua, devastada, a procura dos pedaços do que eu mesma parti.
Dormi afogada pelos meus pesadelos e acordei cinza.
Segui mecânicamente mais um dia desejando em vão voltar para o sonho.
Ainda perdida, apelo a Cherazade e conto mais uma noite.
Agora estou aqui novamente sem rumo, sem vento, sem chuvas, sem mim,
que saí pela porta e não sei quando vou voltar.


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