quinta-feira, 1 de outubro de 2009

mãe sem mãe

Sinal fechado, a criança de uns dois anos se pendurava pelo braço da mãe mal humorada e chorava muito.
A mulher que deve ter sim seus problemas, ignorava o choro da cria, só puxava-lhe o braço para evitar que ela sentasse na calçada.
A menina não tinha dois anos completos. Estava cansada e queria colo. Só.
Hesitei, sei que mães detestam intervenções extra terrestres ao seu padrão de educação dos filhos.
O sinal abriu, e lá ia a mãe arrastando a menina.
Não me contive, foi demais.
A menina não tinha dois anos completos, na boca escancarada só três dentinhos.
Me ofereci a ajudar e peguei uma pasta que ela carregava e pedi que pegasse a filha.
Ela pegou e, praguejando, anunciou umas palmadas ao chegarem em casa.
Ela provavelmente se sentiu envergonhada, não pelos maus tratos à filha mas, por ter recebido a minha ajuda e os olhares de critica da população que atravessava a Avenida Rio Branco. Descontaria na filha sua frustração.
Nem sei dizer o que me deu vontade de fazer.
Devolvi sua pasta e saí.
Minha consciência implorou que eu acreditasse que ela no fundo era uma boa mãe tendo um dia ruim e me lembrando em letras miúdas que eu não sou a mãe do mundo.
Uma criança tão pequena nem entende por quê a mãe está tão irritada.
Fiquei triste o resto do dia.

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