segunda-feira, 21 de junho de 2010

Incêndio e a trombeta da copa

O que a Copa do mundo e as festas de Juninas tem em comum? Notei uma infeliz semelhança neste fim de semana.

Além do lado positivo da confraternização, da cultura dos povos, do caráter de festa, tem também o circo armado que nos cobre com uma lona de euforia mascarando a ignorância e a falta de discernimento do povo. 
Educação?? Pra quê?
Muito bonito o balé em campo, a cena comovente dos jogadores do Brasil e da Costa do Marfim se abraçando antes de entrar em campo, alguns mais outros menos efusivos, que me deram uma impressão de serem todos irmãos reunidos ali apenas pelo jogo e não pelo premio. Eu quase me emocionei, mas essa imagem durou pouco. Em campo a porrada comeu e trouxe junto, a ironia, a truculência e a falta de respeito. Mútua diga-se de passagem. Se isso tudo faz parte do circo, então é aí que eu desclassifico por completo esse jogo de cena onde sobra marketing. Não serve de exemplo de trabalho de equipe, superação e respeito.
Deste lado do atlântico, os torcedores extrapolam seus direitos e esquecem que ao seu lado alguém pode não estar a fim de ficar surdo com o som alto das trombetas ou da música de gosto duvidoso no máximo volume. Pior, seu vizinho, que cara chato, pode de repente querer entrar e sair de sua casa sem ter que pedir licença às mesas e cadeiras colocadas estrategicamente bloqueando seu portão.
São pessoas estranhas. Admito que desde criança me irrito com elas. Mas as respeito e nunca as incomodei com minha música ou minhas festas. Talvez, quando eu era bebê, eu chorasse um pouco alto de madrugada, mas passou depois de alguns anos.
Lá habitam três ou quatro gerações de pessoas sem noção nenhuma de educação e respeito pelo outro. Cresci vendo os adultos ensinando às crianças que hoje fazem o mesmo com seus filhos. Estou sendo intolerante, preconceituosa e chata..., são somente pessoas comuns querendo se divertir, beber e xingar palavrões. Pode ser. Mas há uma regrinha básica para se viver em sociedade que diz que seu direito acaba onde começa o do seu vizinho. E mais, que educação não se aprende na escola. Se aprende em casa.
E é a mesma educação que não permite que uma pessoa, por qualquer razão, faça algo que ameace a segurança e a paz de outra pessoa, muito menos por diversão. E é aí que entra o infeliz que não se preocupou nem um pouco com o que aconteceria caso aquele balão lindo, colorido, o maior de todos, o sou foda!!, caísse no quintal alheio.
Ele, como a grande maioria, está apenas querendo se divertir. Vai soltar seu balão por vaidade ou qualquer outra razão. Mas depois do que vimos no Morro dos Cabritos e do que não vimos no Grajaú e no parque da Pedra Branca, esta razão perde completamente sua importância. O que fica é destruição causada pela estupidez e ignorância.
De tudo isso fica o medo. Medo do circo, medo do voto distraído deste povo, tão cantado e contado pelos quatro cantos, filhos deste solo, tão carente de educação. Eu estou vendo nascer a terceira geração de carentes. Fora os que já viram antes de mim.
Muitos votos darão, certamente. Mas muitos incêndios também.
De resto, quanto aos vizinhos, só acharam minha família antipática por não querer estar lá, curtindo com eles no meio da rua, na frente do meu portão. Nada contra curtir a vida sentada numa cadeira na calçada como boa suburbana que sou. Mas eu sempre pus a minha cadeira na minha calçada e nunca vi minha mãe varrendo o lixo para a calçada vizinha.

Um comentário:

Lu Lima disse...

Mais uma triste semelhança: Nosso prefeito disse que a área devestada é equivalente a quatro Maracanãs.