quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dia da independência

Ainda atordoada, saí em busca da volta pra casa.
O Centro vazio, na luz fria da manhã de quase sol, estava calmo. Silencioso e belo.
Nenhum carro na rua, nenhum táxi que me resgatasse... não fosse o desconforto da alma, teria querido ficar perambulando e contemplando o casario fechado. Me contentei em apreciar o caminho até o metro. Queria só chegar em casa.
Inútil.
As estações próximas, ainda fechadas para embarque, vomitavam toda sorte de fardas e armas. Todos animados, não exatamente felizes, marchando acelerado com mais destino que eu. Fiquei observando por um tempo tentando saber se estava acordada ou tendo um pesadelo apocalíptico. Segui andando e quando me dei conta estava caminhando sobre as grades da ventilação da estação que tanto me assombram e me fazem imaginar cada milímetro da queda. Mas o passo acelerado não distinguia a medida nem o medo. O Largo da Carioca, que vejo todos os dias apinhado de gente, estava então vazio. Até os ladrões estavam dormindo. Por que eu não? Era a pergunta dentro da cabeça. Só consegui um táxi na Cinelândia, depois de passar ao lado do Municipal reluzente, onde li Tragédia e Comédia na mesma fachada. Fez todo o sentido. Agora vou dormir, chega de catarse por hora.

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