sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fauna

Um senhor, visívelmente perturbado, com caráter duvidoso e sérios indícios de psicoses variadas, acredita que pode ser um psicólogo. Já começa a organizar a formatura e acredita cegamente em Freud.

Um outro que passa seus dias atrás de uma mesa de recepção, sem nenhum proveito dessas horas com algo útil, a não ser falar sem parar sobre o nada, acredita que será eleito deputado estadual. Já se batizou de doutor e já faz sua lista de assessores. Se diz feliz independente do resultado das eleições. Já ganhou de bonus a licença de seis meses com vencimentos garantidos por lei.

Acho que estou sendo má e preconceituosa. São pessoas comuns perseguindo seus sonhos. E vão conseguir.

Enquanto isso, ficamos reclamando da vida o tempo todo.
Eu tenho tentado parar.
Já melhorei muito, nem eu me aguentava!
Mas não basta entender que o que passamos é fruto de nossas escolhas. Isso é filosofia de banca de jornal. Temos que fazer por onde ver outros caminhos possíveis e sair da bolha em que nos metemos para ter menos medo, dormir tranquilos, não ter trabalho nem ter que pensar.

Não que eu vá aceitar a vida como ela é e fazer terapia com o fulano acima ou votar naquele segundo exemplar da massa de manobra. Estas escolhas eu domino bem. O problema são as que a gente nem percebe que faz.
Quando vê já fez.
Aí começa a tortura e a autoflagelação.
É preciso romper esse padão [mais uma frase típica de analista], ver o lado bom das coisas sem ficar cego, entender bem que papel cada pessoa tem em nossa vida sem expectativas mutiladas, buscar prazeres outros que te façam levantar a bunda da cadeira e andar na rua apreciando o dia, isso em si já é um bom começo.

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